| Congresso Brasileiro de Microbiologia 2023 | Resumo: 581-1 | ||||
Resumo:A demanda criada por setores ligados à bioeconomia passou a exigir, das coleções de culturas microbianas, o fornecimento de recursos genéticos confiáveis e autenticados, valorizando a qualidade das atividades desses centros de preservação. Dentre os microrganismos explorados para uso comercial, existem aqueles de aplicação no agronegócio que podem ser empregados no desenvolvimento de produtos biológicos para controle de doenças e pragas. Desta realidade, surgiu a iniciativa de se estruturar um acervo de fitopatógenos junto à coleção de culturas CBMAI, localizada no CPQBA/Unicamp. Sabe-se que populações de fitopatógenos podem apresentar diferenças significativas em relação à patogenicidade que expressam no hospedeiro, e por isso faz-se necessário selecionar isolados comprovadamente de maior agressividade, essenciais para a validação de antagonistas promissores.
Neste cenário, o objetivo deste trabalho foi avaliar a patogenicidade de diferentes linhagens de S. sclerotiorum, isolados de sementes e caule de soja doentes, buscando contribuir para a estruturação de uma coleção de fungos fitopatogênicos, de aplicação em testes para a produção de bioinsumos.
O isolamento foi realizado a partir de amostras contaminadas em meio de cultura Fubá-Feijão. O teste de patogenicidade consistiu em 2 etapas avaliando-se 55 isolados no total. Na primeira, foram incubados 4 escleródios e 8 sementes de soja em placas de Petri contendo meio ágar-água, por 7 dias, a 22ºC, no escuro. Os fitopatógenos que apresentaram uma taxa de sementes contaminadas ≥75% foram selecionados para a etapa seguinte que utilizou 5 vasos de 500 mL com substrato contendo 4 sementes de soja sadias, incubados sob fotoperíodo 24±1ºC claro/escuro 14h/10h, por 14 dias. A análise estatística dos dados foi realizada no ambiente RStudio versão 4.2.1, pelos testes de Shapiro-Wilk, Fligner-Killeen, Kruskal-Wallis e pelo teste de Dunn com p-valor ajustado pela correção de Bonferroni.
Na primeira etapa, 7 isolados foram capazes de infectar mais de 75% das sementes. Observou-se que os isolados de S. sclerotiorum obtidos dos escleródios presentes nas sementes armazenadas apresentaram níveis superiores de patogenicidade quando comparados aos isolados do caule.
Na etapa 2, o controle obteve germinação de 80% e 3 linhagens se destacaram quanto à agressividade: 0% de germinação no vaso com o isolado SS47; 5% com o isolado SS29 e 10% com o fitopatógeno SS28.2. Quanto à sobrevivência das plântulas até 14 dias, verificou-se que nenhuma sobreviveu no teste com o isolado SS29; uma semente germinou tardiamente com o fungo SS47, e 2 plântulas se desenvolveram na presença do isolado SS28.2.
Em resumo, dos fitopatógenos testados 2 apresentaram patogenicidade superior em relação aos demais (SS47 e SS29), e foram escolhidos para estudos posteriores. Essas linhagens mostraram-se promissoras para aplicação em testes que visem técnicas de controle de doenças mais eficientes, portanto, de interesse para uma coleção temática de fitopatógenos. Os demais serão mantidos no acervo de pesquisa para novos testes com diferentes culturas.
Em continuidade a esse experimento, será avaliada a interferência dessas linhagens de S. sclerotiorum em plantas adultas. Recomenda-se que essa próxima etapa seja realizada em estufa climatizada, a fim de avaliar o ciclo da interação fitopatógeno-hospedeiro.
Palavras-chave: mofo-branco, sementes, patogenicidade Agência de fomento:Agroceres BINOVA | |||||